- Acordaaaa! Miguel.
Escuto a voz de minha mãe e acordo, ela me pergunta se não vou a escola hoje, irritada, diz que já são 7:00 da manhã e que estou atrasado.
Me levanto e me arrumo o mais rápido que posso, pego minha velha bicicleta na garagem e pedalo desesperadamente a caminho da escola.
Depois de acorrentar minha bicicleta junto ao grande cedro que fornece elegante sombra no pequeno pátio da escola, faço uma brave caminhada passando pelo abandonado Bloco A antes de chegar a minha classe, mas durante o trajeto algo me chama atenção, um objeto pequeno, prateado e brilhante, (pensei que estivesse brilhando devido ao reflexo do sol) mas o tal objeto aguçou demais minha curiosidade para que eu passasse por ele sem ao menos verificar do que se tratava. Corro para apanha-lo, com medo de que alguém o pegue antes de mim.
De perto, percebo que era um anel, mas ao toca-lo, sinto-me estranho, minhas entranhas se reviram, e tenho a sensação de que o ambiente ficou extremamente frio; Simultaneamente uma dor insuportável sufoca meu peito, minhas pernas amolecem e desabo de joelhos no chão, a dor era enorme, e por um segundo pensei que poderia morrer. Muito fragilizado consigo reunir as forças que me restara, para me reerguer, a dor continua insuportável e o frio castiga meu corpo desagasalhado.
Resolvo procurar ajuda na enfermaria da escola , mas as pessoas insistem em me ignorar, eu berro, grito, mas tudo parecer ser em vão. Decido então que o melhor a se fazer é voltar para casa; no caminho percebo que parece estar mais escuro do que deveria estar, observo também que sou acompanhado pelos felinos olhos dos gatos da vizinhança, que vislumbram a escuridão e seus turistas em um ritual diário de adoração a dama da noite.
Chego em casa sufocado e assutado e observo que nem minha mãe se da conta de minha presença, por mais que eu tente chamá-la, ela insiste em me ignorar.
Resolvo então subir para o meu quarto, preciso de um agasalho, não suporto mais este frio, mas antes que eu possa fazer isso o telefone toca.
Minha mãe atende e começa a chorar, não entendo o motivo mas desesperadamente tento acalmá-la, porem ela novamente me ignora. Ela se senta, e observo em seu rosto uma tristeza aterradora, em 17 anos que a conheço, nunca à vi assim. E chorando muito, ela pega o telefone novamente, mas desta vez é ela quem esta ligando, e é para o meu pai. (Será que fiz algo de errado? Que falha tão grave foi essa?)
Meu pai atende o telefone, e sem demoras , ela fala:
- Nosso filho esta morto!
Morto? Como assim morto, eu estou bem aqui, na sua frente, mas antes que eu pudesse agarrar seu vestido vermelho bordado para refutar aquele engano, sou reprimido novamente por aquela dor insuportável que toma conta do meu peito, mas dessa vez foi ainda pior, tudo começa a ficar escuro a minha volta, fico meio tonto, mas eu vejo um velho, um velho muito bem arrumado por sinal, mas ele não esta sozinho, tem um grande cão negro ao seu lado, ele me chama, mas estou sentindo dor demais para lhe dar atenção.
Tudo fica escuro.
- Acordaaa!!! Miguel
Escrito por: Camila.
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